'Exemplar... Poucas vezes o absurdo da guerra foi pintado com traços
tão impactantes.' – Time
Certa noite em Beirute, no ano de 1982, em plena Guerra do Líbano, enquanto soldados israelenses patrulhavam a cidade, membros da milícia cristã invadiram os campos de refugiados de Sabra e Chatila e iniciaram o massacre de centenas, senão milhares, de palestinos. Ari Folman era um desses soldados israelenses, mas por mais de vinte anos não conseguiu lembrar nada daquela noite nem das semanas que a antecederam. Até o pesadelo de um amigo perturbá-lo e engendrar nele a necessidade de escavar a verdade e responder à questão crucial: o que ele estava fazendo nas horas da carnificina?
Desafiando a amnésia coletiva de amigos e colegas do exército, Folman remonta, pedaço por pedaço, cândida e dolorosamente, a história da guerra e seu lugar nela. Aos poucos o vazio na sua mente é preenchido por cenas de combate e patrulha, miséria e carnificina, bem como por sonhos e alucinações. Soldados são perseguidos por pesadelos e inexplicáveis flashbacks – cães ferozes e ameaçadores com dentes arreganhados e olhos que lançam faíscas; a imagem recorrente de três rapazes saindo nus do mar para vagar até o campo de batalha em Beirute. Tanques esmagam carros e prédios com indiferença letal; franco-atiradores liquidam homens montados em jumentos, dentro de carros, bebendo café; um soldado dança em meio a uma chuva de balas; o som de um rock enche o ar, e, então, os sinalizadores amarelos. As lembranças se acumulam até que Ari Folman alcança Sabra e Chatila e sua investigação chega ao terrível fim.
O resultado é uma reconstrução absorvente, uma minuciosa investigação sobre a inconfiável natureza da memória e, sobretudo, uma poderosa denúncia da estupidez das guerras. Profundamente original na forma e na abordagem, Valsa com Bashir entrará para a história como um dos grandes testemunhos de guerra