Ar Condicionado é uma novela gráfica.
Porém, não exatamente como manda o figurino. Pois se ao longo do tempo a mistura de texto e imagem numa narrativa sequencial foi consolidando seus sistemas constitutivos, dos balões e quadrinhos das HQs, passando pela tipografia expressiva até a sintaxe do texto como legenda das imagens, isso não significa que não houvessem outras alternativas, outros sistemas de articulação das duas linguagens cujo resultado também pudesse ser chamado de “novela gráfica”.
Ar Condicionado, portanto, é uma novela gráfica. Que, ao buscar novas possibilidades de combinação entre a linguagem visual e a escrita para se contar uma história, encontra também novas possibilidades de composição da obra, assim como novas possibilidades de leitura. E, ao circunscrever o conteúdo textual às silhuetas de Leo, Nilson e demais personagens — tornando aquilo que cada um pensa ou sente invisível e impermeável aos outros —, termina por compor uma asifixiante parábola sobre nossa solidão.