Em 2015 – Fábio Delduque convidou o Marcos Suzano, o Jaques Morelembaum e eu, para uma residência musical no Festival de Artes da Serrinha.
A ideia era que nós convidaríamos outros músicos, tanto do Brasil como do mundo, para uma vivência linda na fazenda que hospeda o festival.
O processo previsa a criação de boa parte do material durante a residência. E assim aconteceu. Durante 10 dias 12 músicos conviveram do café da manhã às madrugadas, tocando, compartilhando histórias e causos, festas, descobrindo novas possibilidades e sonoridades. Criadores de diferentes partes do mundo compartilharam com o coração aberto sua cultura e seus modos de compreender a vida e a música.
Gravadores e câmeras seguiram tudo atentamente – acompanhando e registrando com o melhor espírito, tudo o que nascia.
A Serrinha nos deixou de certa forma transparentes – nus. Foi assim uma oportunidade única e rada de fazer música como se brincássemos de roda. E sonhássemos com profundidade.
Aqui está um tanto do que foi produzido por um grupo de músicos, técnicos, produtores e conzinheiros… toda uma família que se formou nestes 10 dias.
A todos o nosso muito obrigado. Foi um privilégio.
Benjamim Taubkin
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A música nos chega quase sempre como um produto, pronta. Ao vivo, na mairoria das vezes, ela também segue mais ou menos o que foi pensado antes. Nesse documentários, temos o registro de um processo onde músicos se encontram simplesmente para tocar.
Eles chegaram sem planos, sem músicas criadas, arranjadas ou mixadas anteriormente. À equipe que foi comigo gravar o encontro, avisei que estávamos ali para trabalhar com o improviso, aceitar os erros mais do que os acertos. Não tínhamos um plano de filmagem e muitas vezes nem sabíamos quando a sessão ia começar ou acabar. Num mundo de coisas prontas, esse foi nosso privilégio: documentar a música sendo criada, com liberdade, fluindo solta junto à terra e pelo corpo, através dos poros
Marcelo Machado